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O pai do bingo



Da Equipe FutebolPR

Se tivesse RG, o bingo traria as seguintes informações: Naturalidade: Curitiba-PR. Filiação: pai: Onaireves Nilo Rolim de Moura; mãe: desconhecida. Sim, o bingo nasceu por estas bandas. No início dos anos 90, sob a presidência de Onaireves Moura, a Federação Paranaense de Futebol arrastou multidões aos estádios paranaenses – incluindo o Pinheirão. Não pelas competições que promovia, mas por causa dos bingos.

O gaiato comprava uma cartela, ia aos jogos, mas menos com a intenção de torcer pelo seu time e mais com o desejo de concorrer a carros, bicicletas, vídeo-cassetes e até casas. No começo, a coisa ia bem. A ponto de ir parar na TV, transformando-se em um show de prêmios. Onaireves Moura quase chegou a ameaçar o Sílvio Santos, tamanha a popularidade.

Só que daí descobriram que havia “laranjas” no meio. Era uma turma que se passava por ganhador através de cartelas viciadas. Virou caso de polícia e a festa acabou. Mas Onaireves Moura não desistiu. Elegeu-se deputado federal e aproveitando-se das discussões para a aprovação da Lei Zico incluiu na proposta original a legalização dos bingos. Usou como argumento a ideia de que o jogo poderia ser usado como fonte de captação de recursos para clubes, federações e confederações esportivas.

A cláusula passou pelo Congresso Nacional e, em julho de 1993, a Lei Zico foi aprovada e entrou para a história como a que legalizou o bingo no Brasil. Na teoria, ou seja, de acordo com a lei, entidades esportivas receberiam 7% do montante arrecadado pelos bingueiros. Centenas de casas de jogo foram abertas rapidamente.

Com várias suspeitas de irregularidades pipocando pelo país, a Câmara dos Deputados criou, em 1995, uma CPI. Ao mexer no mar de lama, a própria CPI virou caso de polícia. Porém, embora o relatório final tenha denunciado falta de fiscalização e sonegação fiscal, os bingos continuaram funcionando. Três anos mais tarde, os bingueiros ganharam mais força. Durante a votação da Lei Pelé, o ex-presidente do Vasco, Eurico Miranda, na época deputado federal, fez a vontade dos empresários e conseguiu aprovar a entrada dos caça-níqueis no Brasil. O Indesp (Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto), órgão ligado ao Ministério do Esporte, ganhou a responsabilidade de fiscalizar a jogatina.

Em 2000, mais um escândalo envolvendo os bingos atingiu Brasília. O Indesp foi o principal envolvido nas denúncias de irregularidades nas autorizações para o funcionamento de bingos, o que acabou gerando a demissão de Rafael Greca, então ministro do Esporte. No ano seguinte, com a entrada em vigor da chamada Lei Maguito, que vetou novas autorizações para o funcionamento de bingos, o jogo passou a funcionar à custa de liminares concedidas pela Justiça. As últimas autorizações legais foram encerradas em 2002.

Entre 1995 e 2002, no Paraná, os bingos tinham autorização para funcionar por causa de uma resolução assinada pelo ex-governador Jaime Lerner. Neste período, Onaireves Moura chegou a ser dono de até quatro bingos em Curitiba. Mas não só ele. Vários cartolas paranaenses chegaram a ser donos de casas de bingo. Sérgio Malucelli, hoje empresário e presidente do Iraty, foi um deles. Assim como Luiz Eduardo Dib, ex-dirigente ligado ao Paraná Clube, e outros mais. Em 2003, com o governador Roberto Requião, a boa vida dos bingueiros acabou.

O fato é que, além da série de escândalos que protagonizaram, os bingos pouco fizeram pelo esporte. Do montante que o setor anunciou ter repassado em 2002, 80% não entraram nos cofres das entidades. As associações esportivas declararam à Receita Federal que receberam R$ 18 milhões das casas de jogo. A Abrabin divulgava que havia repassado R$ 93 milhões.

Agora, o bingo parece estar voltando. E com ele, dizem, o pai do bingo.

1 Espinafrar:

Anônimo disse...

Helio Cury era um dos vices do Moura nesta epoca?

E verdade que eles brigaram por que o Helio queria obrigar o Moura a comprar produtos de sua loja e o Moura não quiz?

Se alguem souber a verdade nos responda. No fundo os dois sao iguais.

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