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TOP, TOP, TOP

Nello Morlotti

O governo do Paraná decidiu copiar a política de desporto que privilegia o marketing e não a massificação do esporte. Foi aplicada nos tempos de Jaime Lerner, com os onerosos centros de excelência, que não formaram nenhum atleta de ponta genuinamente paranaense, e agora vem revestida com outro nome: Talento Olímpico do Paraná (TOP). O chamariz é o maratonista e medalhista olímpico Vanderlei Cordeiro de Lima, como no passado foram Bernardinho e Hortência.

Enquanto isso, o esporte na escola segue renegado. Era lá que as políticas de desporto deveriam agir. Primeiro é preciso massificar, para depois pensar em esporte de alto rendimento. Mal comparando, é como se um clube de futebol abdicasse de suas categorias de base para apenas apostar em jogadores prontos, donos de seus direitos econômicos, que não darão retorno na frente.

No caso do TOP, o que foi divulgado é que 250 atletas passam a ser bolsistas com direito a ajuda de custo de R$ 500 por mês. A partir de janeiro, o valor pode ser revisto, assim como o número de atletas contemplados. Será que esse dinheiro não seria melhor aplicado para contratar mais professores de educação física ou para qualificar as escolas com aparelhos esportivos, como canchas cobertas e bolas, por exemplo?

Se o governo quer mesmo estimular o esporte de alto rendimento, em vez de dispor de recursos públicos que deveriam ser direcionados para as escolas, tinha é que incentivar a iniciativa privada a fazê-lo. Neste caso, caberiam benesses fiscais. Aliás, o padrinho do projeto, Vanderlei Cordeiro de Lima, é um exemplo disso. Como atleta, sempre teve a iniciativa privada a bancá-lo.

Volto a repetir, política pública de desporto se faz nas escolas, com a massificação e a oferta de boas condições para estudantes e professores. O resto é marketing.