
Ao assinar o documento que indica de onde virá o dinheiro para viabilizar economicamente a Arena da Baixada para a Copa 2014, o governador Orlando Pessuti entrará para a história como o homem que governou para o Atlético. Sim, pois desde 2007 – ou seja, durante todo o seu segundo mandato de vice – ele gastou boa parte de seu tempo como servidor público para tratar de assuntos que envolvem seu clube do coração. Pior: trouxe a reboque o prefeito-tampão Luciano Ducci, que se rendeu a argumentos atleticanos sem permitir um debate mais amplo sobre a Copa na subsede Curitiba.
Com a caneta de Pessuti, o Atlético vai abocanhar R$ 90 milhões. Trata-se de dinheiro de largada, pois a partir do momento em que o governo sinaliza que colocará o Fundo de Desenvolvimento Econômico à disposição do clube sinaliza também que haverá, sim, mais recursos embutidos nas entrelinhas do contrato desta segunda-feira. Pela segunda vez na história recente do governo paranaense, o Atlético leva vantagem do poder público. A primeira foi no governo Lerner, com a história do canal extravasor no PAVOC.
O pretexto, desta vez, são os milhões do PAC da Mobilidade que Curitiba e o Paraná perderiam se não definissem logo o estádio da Copa. Assim, ignorou-se o debate e decidiu-se por uma liberação de recursos que vai comprometer quase 15 anos de potencial construtivo. Os efeitos dos equívocos da dupla Pessuti e Ducci serão sentidos até a Copa de 2026 nas contas públicas. Tudo isso, para Curitiba tornar-se uma subsede periférica da Copa 2014, para receber três jogos entre seleções do segundo ou terceiro escalões da Fifa. Não surpreenderá se atuarem na Arena, México x Qatar, Coreia do Sul x Bélgica ou Paraguai x Egito.
É por estas partidas que os paranaenses vão pagar a conta. Se a Fifa confirmar só três jogos na Arena, cada um custará mais de R$ 100 milhões ao contribuinte do Estado. É essa incongruência que os vereadores de Curitiba e os deputados estaduais devem levar em consideração quando forem votar o projeto que liberará dinheiro público para a obra privada do Atlético. Ainda dá tempo de barrar os equívocos de um governo que governa com a camisa rubro-negra por baixo do terno. Se não for para Curitiba ter um aparelho público para todos os paranaenses, melhor não ter a Copa.
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