Só criminalizar não basta

Nello Morlotti

Dados estatísticos da Polícia Militar revelam que em dias de clássicos, sobretudo em Atletiba, reduz o número de roubo de veículos e assaltos, entre outros delitos. O que isso significa? Que os bandidos mudam a tática nos domingos de clássicos. Optam pelo vandalismo, infiltrando suas quadrilhas entre as torcidas. Não restam dúvidas de que as organizadas viraram reféns destes bandos. Por isso, criminalizar as facções é um erro.

Basta ver que dentro dos estádios os distúrbios têm sido de pouca intensidade. O problema está no entorno ou em pontos de encontro pré-definidos pelos bandidos. Por isso, a ideia de realizar jogos de uma torcida tende a não trazer resultados. O que é preciso é um bom plano de ação. Sugiro aqui algumas ideias:

1) A Polícia Civil tem o Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber). Esse departamento poderia ser acionado para investigar o que se passa nos fóruns de discussão das torcidas, na internet. É lá que ocorre a maioria das provocações e o “agendamento” de encontros para brigas. Eles usam uma linguagem toda cifrada para promover as confusões.

2) Já não é hora de a Urbs e as empresas de ônibus instalarem câmeras nos terminais de ônibus e também nos veículos? Isso facilitaria a identificação dos vândalos.

3) As torcidas organizadas deveriam realmente fazer valer o nome e organizar o cadastramento de seus sócios. Assim como elas são competentes para eleger representantes a cargos públicos, devem ser boas também para saber controlar aqueles que as integram. Nem que isto custe um número menor de sócios.

4) Também não seria o caso de se criar a linha “Clássico” em dias de jogos? Seriam ônibus que percorreriam os terminais, coletando os torcedores uniformizados e lavando-os para a proximidade do local do jogo. Com isso, os veículos de linhas convencionais ficariam desimpedidos de pegar os uniformizados e poderiam ser poupados de ataques, inclusive com a liberdade de mudar o itinerário para fugir de emboscadas.

São sugestões que podem ajudar a coibir a violência em dias de clássicos, a qual o cidadão comum curitibano já não aguenta mais.

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